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BRASILEIROS CRIAM JOGO DE REALIDADE VIRTUAL E GANHAM PREMIO.

Projeto WOC é o novo lançamento dos estúdios Duaik Entretenimento:


No game 9 de Julho, os jogadores se sentem dentro do jogo (Foto: Divulgação/Duaik)

A Duaik Entretenimento decidiu apostar em um novo modelo de negócio para sobreviver no mercado de games. Com o Projeto WOC (Windows + Oculus Rift), a empresa desenvolveu o jogo 9 de Julho, feito para óculos de realidade virtual, produziu um documentário acompanhando toda a produção do game e pretende disponibilizar no mercado todas as informações necessárias para quem quer investir em novas tecnologias.


“Percebemos que ficar só na venda de games nos levaria a falência, então mudamos nosso plano de negócio. Com o projeto WOC nós vendemos as informações necessárias pra quem quer aprender a trabalhar com essa tecnologia, um público que está disposto a pagar por esse conteúdo”, afirma Pérsis Duaik, co-fundador da empresa.

O estúdio independente lançou o jogo durante a feira Brasil Game Show, em São Paulo, entre os dias 8 e 12 de outubro. Desenvolvido em apenas três semanas, o 9 de Julho esteve no stand da Duaik Entretenimentos durante o evento para que o público conhecesse a experiência proporcionada pelo Oculus Rift. “Nós sabemos que a tecnologia dos óculos Rift ainda não é acessível ao público brasileiro. Nossa intenção é que as pessoas tenham essa experiência nos eventos em que levarmos o jogo, e se interessem pelo mercado da realidade virtual”, diz.

Segundo Pérsis, a empresa espera faturar cerca de R$ 60 mil com o projeto.

A parceria com o irmão Ricardo Duaik data de 2009, época que perderam o pai, vítima de câncer. Na ocasião, eles resolveram largar os empregos para montar um negócio familiar. Depois de dois anos trabalhando na área animação e criação de plataformas web, os irmãos decidiram investir no mercado brasileiro de games. “Precisamos atender uma necessidade do mercado. Lá fora essa necessidade já está atendida, mas no Brasil ainda há muito espaço”, afirma.

Pérsis Duaik e Phil Spencer, da Microsoft (Foto: Reprodução/Facebook)

A parceria deu certo. No dia 7 de outubro deste ano, os fundadores do estúdio receberam de Phil Spencer, chefe da divisão responsável pelo Xbox dentro da Microsoft, um prêmio por ser o primeiro estúdio independente brasileiro a disponibilizar um jogo para Xbox One. O game, Aritana e a Pena de Harpia, foi o primeiro grande sucesso do estúdio, porém, apesar de toda a repercussão, Duaik conta que o valor investido no desenvolvimento foi quatro vezes maior do que o retorno gerado para a empresa.

Confira um bate-papo com o economista e desenvolvedor Pérsis Duaik.

O que os usuários podem encontrar de diferente no projeto WOC?
O que nós fizemos com o WOC foi um grande projeto. As pessoas têm a experiência de jogar com a realidade virtual nos eventos em que estivermos, e podem comprar o documentário que fizemos durante o desenvolvimento do game.

ós vamos vender todos os assets do jogo para as pessoas que querem aprender a fazer. Trata-se de um subproduto. Nós somos a única empresa que está fazendo isso, sempre focado no público brasileiro. Queremos que as pessoas lembrem da Duaik como a empresa que faz games para o Brasil.

Isso significa que vocês desistiram de lucrar com a venda de games?
O começo da empresa foi uma catástrofe. O Aritana foi um jogo que demorou três anos e meio pra ser feito. O problema é que o mercado muda muito rápido, então a hora que a gente começou a fazer o Aritana ele era relevante, mas quando foi terminado a tecnologia já havia mudado demais e ficou difícil de vendê-lo. Quando entendemos isso chegamos à seguinte conclusão: ou a nossa empresa vai a falência, ou a gente muda o plano de negócios.

Nós queremos continuar no Brasil? Sim. Então, um projeto como o Aritana não pode mais existir. A resposta que encontramos foi o projeto WOC. Nós desenvolvemos a tecnologia baseada em realidade virtual e vendemos para o nosso consumidor todas as informações para ele trabalhar com ela. A demanda por esse tipo de conteúdo é muito grande. As pessoas querem entrar no mercado e nós temos o caminho.

Qual foi a importância da entrada do Aritana na plataforma de games da Microsoft?
Foi um bom casamento. Quando começamos a conversar com o Xbox, não havia nenhum desenvolvedor brasileiro lá. Nós precisávamos de propaganda e eles precisavam de um case. Hoje já são 30 desenvolvedores brasileiros na plataforma e nós nos tornamos os embaixadores do programa de desenvolvedores independentes no Brasil. Quem está começando pode vir falar conosco porque nós passamos por todas as etapas do processo.

E qual foi o resultado disso em vendas para a Duaik?
O Aritana basicamente foi feito com 80 mil reais, que é um valor bem baixo para jogos desse nível. O fato de ter entrado no Xbox e ter recebido essa relevância foi importante como propaganda grátis. Percebemos que é bem mais fácil vender para o Xbox One do que para PC, porque para computador a pirataria é muito grande. O Aritana já retornou cerca de 20 mil reais pra gente. É um prejuízo grande, porém, o reconhecimento, a mídia e o branding que conseguimos valeu a pena.

Você acredita que o cenário atual é positivo para quem quer desenvolver games e montar um estúdio independente no Brasil?
Depende. Se você não entender que para fazer um jogo você vai precisar virar um empreendedor, você não vai ter como chegar lá. Tanto é que eu comecei a empresa na produção de games e nesse último projeto eu não cheguei a encostar a mão no desenvolvimento.

Isso me deu tempo de procurar um contador, examinar contratos, fazer estratégias de marketing, falar com a imprensa, coisas que o desenvolvedor esquece na hora de fazer uma empresa. Ele só quer fazer um jogo, e quando se entra nesse mercado a competição é extremamente grande. O cenário é negativo para desenvolvedores que não se transformaram em uma empresa, são apenas um grupo de jovens com sonho. E a gente sabe que para competir no mercado você precisa de muito mais que só um sonho.

Fonte: PEGN-G1 / Fotos: Divulgação
Postado por Dicas de Negócios PME.


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